Post atualizado em 19/06/2025
Se você está planejando uma viagem à Polônia, incluir uma visita a Auschwitz-Birkenau no seu roteiro é mais do que recomendado — é um mergulho necessário em um dos episódios mais sombrios da história da humanidade.
Neste post, compartilho minha experiência pessoal em uma visita guiada a Auschwitz, com dicas práticas, como chegar, quanto custa, e o que esperar emocionalmente dessa jornada impactante.
Nós fomos lá e podemos afirmar que o impacto é grande, de nos deixar simplesmente sem palavras…
Confesso que até demoramos bastante tempo para publicar um post sobre esta visita, pois foi preciso tempo para digerir as informações.
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Como visitar Auschwitz-Birkenau

Declarado como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco desde 1979, os campos de concentração Auschwitz-Birkenau já foram visitados por mais de 30 milhões de pessoas desde 1947, data em que se tornou memorial.
Apesar do seu triste e comovente passado, sua preservação é necessária para manter a memória viva e não repetirmos os erros do passado.
Neste post, conheça todos os detalhes que você precisa saber sobre uma visita guiada a Auschwitz e o que precisa saber antes de ir visitar uma das páginas mais tristes da história da humanidade.
Auschwitz-Birkenau: breve histórico
A primeira coisa que nos impressionou MUITO foi o tamanho do lugar: é imenso!
O complexo de aproximadamente 40 subcampos de concentração de Auschwitz-Birkenau foi fundado em 1940 pelos alemães, nos subúrbios de Oswiecim, uma cidade da Polônia e, a partir de 1942, se tornou o maior centro de extermínio como a finalidade “solucionar a questão judaica”.
Apesar de não ser o único campo de concentração nazista, Auschwitz era o maior deles e por isso foi tão importante. Auschwitz é o nome do complexo de campos de concentração e não somente um. Eram quatro campos operados por nazistas, próximos um dos outros.
Assim, na realidade, a visita ao local se divide em Auschwitz I e Auschwitz II (Birkenau). Os campos de trabalho menores – Buna e Monowitz – não podem ser visitados. Ou seja, a gente visita só uma parte e ainda assim é muito grande.
A visita acontece no Memorial de Auschwitz.
Apesar de ter sido fechado em 1945, apenas cinco anos após ser fundado, as consequências da sua existência são imensuravelmente incalculáveis, marcando um dos acontecimentos mais profundamente tristes da história da humanidade.
Quando tomamos conhecimento dos fatos históricos, já é complicado de absorver e entender. Mas é realmente difícil ter dimensão da gravidade dos acontecimentos de Auschwitz até que você esteja lá, vendo os impactantes cenários dos capítulos sombrios da história mundial.
Onde fica Auschwitz?
O Museu Memorial de Auschwitz está localizado na região de Lesser, nos arredores da cidade de Oświęcim, na estrada provincial nº 933, no sul da Polônia. Fica a cerca de 70 km de Cracóvia (Kraków) e 45 km de Katowice.
Seu endereço é Więźniów Oświęcimia 55 Street, Oświęcim.
Como chegar a Auschwitz-Birkenau a partir de Cracóvia
Dá para fazer um bate-volta tranquilo de Cracóvia, e há várias formas de chegar até lá — carro, excursão, trem ou ônibus. Abaixo, explico cada uma:
De carro alugado:
Se você estiver de carro alugado, é bem fácil chegar. O trajeto leva cerca de 1h20 desde Cracóvia e a estrada é boa. Basta colocar no GPS: “Muzeum Auschwitz-Birkenau”.
Chegando lá, há estacionamentos pagos próximos às entradas dos dois campos (Auschwitz I e Birkenau), incluindo o moderno Park & Ride, que fica perto da estação de trem.
- Dica: Saia cedo para evitar trânsito e encontrar vaga com mais facilidade.
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De ônibus saindo de Cracóvia:
Essa é uma das formas mais populares e econômicas de ir. Os ônibus saem da rodoviária de Cracóvia (Kraków MDA) e param bem perto da entrada de Auschwitz I (cerca de 5 minutos a pé). O trajeto tem duração entre 1h30 e 2h.
As empresas que fazem esse trajeto são a Lajkonik, a FlixBus (em algumas épocas).
- Importante: os ônibus costumam lotar nos meses de alta temporada. Garanta sua passagem com antecedência online, especialmente se quiser pegar o primeiro horário do dia.
De trem:
Você também pode ir de trem, mas o trajeto exige mais organização. O Museu está localizado a aproximadamente 1.500 metros da estação ferroviária.
Para começar, pegue um trem na estação Kraków Główny com destino à cidade de Oświęcim. O trajeto dura cerca de 1h40 a 2h30, dependendo do trem que você pegar.
Ao chegar em Oświęcim, você tem algumas opções:
- caminhar os 1,5 km até a entrada do Museu Auschwitz I; ou
- pegar um táxi local até lá; ou
- pegar o ônibus da linha especial M (explico abaixo).
Ônibus Linha especial M
Entre abril e outubro, uma linha especial de ônibus, chamada “M”, conecta a estação de trem de Oświęcim e o Park & Ride diretamente com a entrada principal do Museu.
O trajeto leva só 5 minutos e funciona todos os dias entre 9h e 16h. Os bilhetes podem ser comprados nas máquinas de autoatendimento.
Excursão guiada (com transporte incluído):
Para quem quer praticidade, essa é a forma mais confortável, mais fácil e completa. Várias agências oferecem tours guiados com transporte de ida e volta incluso, guia em português ou inglês e entrada com agendamento.
Você não precisa fazer nada, só ir.
- Dica de ouro: esse tipo de excursão é ideal para quem não quer se preocupar com nada, principalmente se for alta temporada ou se você preferir ter um guia explicando os detalhes históricos no caminho.
Confesso que em geral não gostamos muito de passeios guiados, excursões, mas neste caso, achamos que foi fundamental. Não só pela comodidade, mas porque muito do que vimos lá não teria feito sentido sem a presença da nossa guia (maravilhosa, aliás1).
Veja alguns exemplos de tours guiados que você pode comprar aqui mesmo, online:
Como é a visita a Auschwitz-Birkenau?
Auschwitz I era o principal campo de concentração, mas não é o maior. Ele era um quartel militar transformado em campo.
Por sua “pequena” dimensão para o objetivo, os nazistas decidiram que precisavam de um local maior e mais eficiente. Assim surgiu Birkenau (Auschwitz II), construído para a morte.
Birkenau era o maior de todos os campos de concentração construído pelos nazistas.
Em dados oficiais, mais de um milhão de pessoas foram mortas apenas nesses dois campos. Mas algumas estimativas dizem que foram mais de 1,5 milhão, podendo ser de mais de 5 milhões de mortos.
Auschwitz I: o campo principal
O primeiro e mais antigo dos campos de concentração, Auschwitz I é também considerado o campo principal. O número de prisioneiros era em torno de assustadores 15 mil, por vezes ultrapassando 20 mil pessoas detidos.
O tour começa atravessando um túnel de cimento, onde alto-falantes repetem o nome dos prisioneiros mortos nos campos de concentração.
Mas a entrada principal de Auschwitz I é mais adiante, ao passar pelo marcante portão com a frase “Arbeit macht frei”, que significa “o trabalho liberta”.
Cabe salientar o uso cínico e manipulador desta frase pelos nazistas, colocada em um portão de entrada que, sabemos, não tinha mais saída nem libertação.
A partir deste ponto, a visita ocorre em vários prédios. Alguns deles apresentam uma linha do tempo com fotos que contam a história e trazem dados do campo de concentração. Em outros prédios, é possível observar fotos dos prisioneiros identificados.
A visita segue por alguns dos locais que os detentos ficavam, os alojamentos (a maioria era apenas grandes salas com palha ou colchões muito finos no chão) e banheiros.
Em sequência, os visitantes passam pelo prédio chamado “sentença de morte”, onde nos fundos havia um paredão usado para execução dos detentos.
Ainda em Auschwitz I estão expostos, em grandes caixas de vidro, diversos pertences de prisioneiros, como malas etiquetadas, sapatos, óculos, canecas, próteses e até pilhas e pilhas de cabelo, que eram retirados dos prisioneiros que chegavam para serem vendidos na Alemanha.
Birkenau: o centro do extermínio
Auschwitz II-Birkenau era o maior campo de concentração do complexo e chegou a ter mais de 90 mil prisioneiros em 1944 ao mesmo tempo.
Birkenau é, tristemente, o mais famoso dos campos de concentração, e já foi usado para filmagens de diferentes obras cinematográficas, como “A vida é bela”, “O menino do pijama listrado” e o filme brasileiro “Olga”, todos tendo como pano de fundo os horrores dos campos de concentração.
O trilho e um vagão de trem ficam logo na entrada de Birkenau, mostrando por onde chegavam os milhares de prisioneiros de diversos lugares da Europa.
O local chamado campo de extermínio é enorme. É uma área cheia de galpões de madeira, onde os detentos eram mantidos, apenas com estruturas de madeira, sem colchão, cobertas, muitas vezes sem roupas e sem qualquer vestígios de dignidade. Também não havia isolamento térmico algum.
Em Birkenau foi onde a maior parte dos mecanismos de extermínio em massa foi construída e também onde a maioria das vítimas foi assassinada.
A estimativa é a de que aproximadamente 1,5 milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, mas algumas fontes apontam números ainda maiores, como já dissemos antes.
Muitas pessoas morreram nas câmaras de gás, mas outras tantas não sobreviveram às precárias condições dos campos de concentração em meio a doenças, fome, frio e tantas outras adversidades.
Na visita guiada, o guia leva o grupo para dentro deles. Nós entramos em todos esses espaços e em cada um deles um filme de horror passa em nossas cabeças.
No terreno de Auschwitz II-Birkenau, há diversos destroços de crematórios destruídos pelos nazistas, em uma vã tentativa de esconder todo o horror que aconteceu ali. Mas ainda há crematórios e câmaras de gás no local, que podem ser visitados.
- Duração média da visita:
-
- Passeio geral: 2 horas e meia a 3 horas e meia
- Visitas guiadas para visitantes individuais: 3 horas e meia
- Passeio de estudo de um dia: 6 horas
- Passeio de estudo de dois dias: 2x 4 horas
O que esperar da visita ao Campo de Concentração de Auschwitz?
É difícil exprimir em palavras o que vemos e sentimos durante esta visita. Por mais que a gente ache que saiba o que se passou, que tenhamos lido ou visto muitos filmes sobre o assunto, estar ali é outra coisa.
Sim, é uma visita desconfortável, mas necessária. Quando saímos de lá, ainda muito impactados, só pensávamos que todo mundo, ao menos uma vez na vida, deveria visitar Auschwitz.
Só estando lá para ter um pequeníssimo vislumbre do que foi esse triste momento da história.
Então, espere uma visita de reflexão, momentos de comoção (muitos), de incredulidade e perplexidade.
É impactante demais se dar conta do que um ser humano é capaz de fazer com o outro.
Voltar desse lugar foi como carregar um pedaço da dor da humanidade nas costas. Não saímos os mesmos. E é por isso que acho que todos deveriam ir.
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Horários de funcionamento
O museu pode ser visitado em todos os dias do ano, exceto 1º de janeiro, 25 de dezembro e primeiro dia da Páscoa. O passeio pode começar nos horários:
- 7h30 – 14h em dezembro
- 7h30 – 15h em janeiro e novembro
- 7h30 – 16h em fevereiro
- 7h30 – 17h em março e outubro
- 7h30 – 18h em abril, maio e setembro
- 7h30 – 19h em junho, julho e agosto
Os horários acima se aplicam à entrada no Museu. O tempo de permanência no local é de uma hora e meia após a última hora do passeio.
Confira => Passeios na Cracóvia
Ingressos para Auschwitz: como reservar e quanto custa?
A entrada no Memorial de Auschwitz-Birkenau é gratuita, mas você deve reservar um cartão de entrada no site oficial do Memorial. Nesta modalidade, você pode andar livremente pelas áreas do Memorial e observar todas as instalações.
No entanto, para que você tenha uma experiência completa e entenda devidamente cada parte de Auschwitz, com informações ricas e valiosas, recomenda-se a visita guiada, que custa em torno de PLN 110 (aproximadamente R$ 165) e deve ser agendada previamente.
Para visitas em grupo, a contratação de um guia-educador é obrigatória e visitantes individuais têm a possibilidade de se juntarem a esses grupos.
Recomenda-se a chegada ao Museu 30 minutos antes do horário da sua visita e é altamente indicado que as regras de comportamento e vestimenta sejam lidas com cautela no site previamente.
Veja aqui diversas opções de tours e visitas guiadas ao complexo Auschiwitz-Birkenau
Vale a pena excursão para Auschwitz-Birkenau?
Não só vale, como sinceramente acho fundamental!
Sim, é até fácil chegar lá por conta própria e a entrada é até gratuita. Aí você deve pensar: oba, dá pra economizar uma grana!
Mas visitar Auschwitz-Birkenau é muito mais do que “só ver” o lugar, é entender tudo aquilo (se é que isso é possível!). Uma visita guiada te abre os olhos para ver e perceber detalhes que passariam desapercebidos.
Um bom guia – e a nossa era espetacular – dá significado a cada prédio, cada paredão, cada objeto. Ele humaniza a visita e nos ensina a ver tudo aquilo com outros olhos.
Olhando para trás e lembrando de tudo tenho certeza de que nossa visita a Auschwitz não seria a mesma sem ela.
Nossa guia era doutora em história e, como de se imaginar, especializada em Auschwitz. Além de explicar tudo com muita propriedade, ela estava muito preparada para responder a todas as nossas perguntas, além de ser uma pessoa muito querida.
Então, se quer a nossa opinião e aproveitar bastante este passeios, faça uma visita guiada a Auschwitz.
- Leia também: O que fazer na Cracóvia
Espero que este guia tenha ajudado você a se preparar para essa visita tão intensa e importante. Se ainda restou alguma dúvida, deixe nos comentários — terei o maior prazer em ajudar. E não se esqueça: viaje com consciência e com respeito à memória das vítimas.
Resumo prático da visita a Auschwitz:
- Local: Auschwitz-Birkenau, perto de Cracóvia
- Entrada: Gratuita, mas precisa de reserva
- Tempo de visita: 3 a 6 horas
- Visita guiada: Altamente recomendada
E para finalizar, deixo abaixo um vídeo com imagens e impressões da nossa ida até lá. Assim você terá um pouca da ideia do que esperar de uma visita a Auschwitz-Birkenau.
Boa viagem, e prepare o coração.