Fazer turismo em Joanesburgo equivale a fazer uma visita ao Soweto, que é algo muito emocionante para quem conhece um pouco a História da África do Sul.
Com as cidades de Cape Town e Joanesburgo como as mais conhecidas, a África do Sul é um dos destinos mais procurados por turistas que querem conhecer o grande continente africano, seja por suas belezas naturais (para fazer safáris), pela facilidade da língua (fala-se inglês na África do Sul) ou pelo desenvolvimento do país.
Mas a África do Sul também tem um lado histórico muito forte e importante de ser lembrado: foi nesse local que aconteceu o regime do Apartheid, a segregação racial que fazia com que as pessoas negras fossem tratadas de forma inferior em seu próprio país (infelizmente, nada tão diferente assim da atualidade…).
- Leia também: Dicas de Joanesburgo (tudo o que você precisa saber!)
A figura do líder Nelson Mandela vem desse cenário, assim como o bairro do Soweto.
Nós, é claro, não poderíamos deixar de fazer essa visita. Optamos por fazer uma excursão de um dia que já englobasse todos os pontos de interesses relativos ao apartheid e à luta contra a segregação racial na África do Sul.
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Assim, escolhemos uma excursão que nos levou às seguintes atrações:
- Um bairro na periferia de Soweto
- Casa de Nelson Mandela
- Museu Hector Pieterson
- Museu do Apartheid
No caminho, ainda visitamos monumentos e locais importantes, como a praça em homenagem ao Hectos Pietersen, as Torres do Soweto e outros. E ainda tivemos uma paradinha para almoço em um restaurante embaixo das famosas torres.
Conheça agora, então, a história do Apartheid e as atrações da excursão que fizemos quando estávamos fazendo turismo em Joanesburgo!
– Leia também todas as nossas dicas da África do Sul
Excursão em Joanesburgo: turismo no Soweto
O que foi o Apartheid e quem foi Mandela?
É preciso entender o contexto de onde surgiu essa política racial implantada na África do Sul. Assim como todo o continente africano, o país foi colonizado por europeus e explorado por muitos séculos.
A África do Sul só se tornou independente oficialmente em 1931, porém mantendo todas as leis segregacionistas de um país negro colonizado por brancos, no caso ingleses (daí a língua).
Em 1948, com a vitória na eleição pelo partido de minoria branca, nasceu o Apartheid como forma “oficial” de segregação racial.
Apesar disso, a resistência sempre esteve ativa e, em 1950, a organização chamada Congresso Nacional Africano (CNA) começou a atuar mais fortemente, com Nelson Mandela sendo um dos líderes da luta antirracista.
O ápice foi em 1976, com o massacre no bairro periférico de Soweto, onde cerca de 600 jovens negros, entre eles muitas crianças, foram mortos pela polícia durante a repressão a uma manifestação que se iniciou pacificamente, conhecida como Levante de Soweto ou o Massacre de Soweto.
Entre os mortos estava o estudante Hector Pieterson, de 13 anos, que se tornou símbolo do massacre, ganhando inclusive um museu com o seu nome.
A violência do Estado, a resistência cada vez mais forte e a política separatista começaram a chamar atenção internacional de modo que o Apartheid começou a perder força.
A própria ONU pressionou a África do Sul e, nos anos 80, o regime já estava com as pernas bambas.
No início dos anos 90, líderes políticos foram soltos, incluindo Mandela (que ficou preso 27 anos), que concorreu e ganhou as eleições em 1994 e implantou diversas mudanças em favor da igualdade racial na estrutura do país, quando ocorreu o encerramento oficialmente o regime do Apartheid.
É importante citar que negros só puderam votar a partir de 1993.
Por tudo isso, fazer turismo em Joanesburgo significa conhecer essa história de perto.
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Como funcionava o Apartheid
O Partido Nacional ganhou as eleições gerais de 1948 e formou um novo governo. A política do partido era chamada de apartheid, a palavra africâner que significa separação.
As leis eram feitas para que a minoria branca, que era cerca de 20% do país na época, mantivesse os privilégios dos colonizadores – e a imensa maioria negra “colonizada” a servisse. Como se fosse uma escravidão moderna.
Nesta época, por exemplo, eram proibidos casamentos e relacionamentos afetivos entre brancos e negros. As escolas eram separadas para crianças brancas e crianças negras. Pessoas negras não podiam votar. Bairros eram classificados pela cor (e quem ficava com as regiões periféricas e péssimas condições estruturais eram os negros, claro).
Negros eram proibidos de ir à universidade e o conteúdo da escola era inferior, de modo a mantê-los na subalternidade nos empregos e profissões. As separações se complicavam ainda mais quando se tratava de pessoas mestiças e algumas famílias chegaram a se separar por conta dessas classificações por cor.
É importante também observar que as sequelas do regime continuam até hoje e, apesar de não haver a mesma segregação de antigamente, fica claro que muitos negros ainda vivem em condições sociais inferiores aos brancos na África do Sul.
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Soweto, África do Sul
O nome Soweto vem da corruptela de South Western Townships, ou “Bairros do Sudoeste”.
Soweto fica a cerca de 17 km de Joanesburgo, em sua área metropolitana. A região foi criada em 1963 como um local para a organização de um conjunto de bairros para negros, considerando que os negros não podiam viver nas mesmas áreas reservadas aos brancos.
Em 1983, o Soweto foi emancipado de Joanesburgo, passando a ter o estatuto de cidade e a sua própria administração.
Soweto ficou muito conhecido na época do Apartheid por ser foco de protestos e de resistência antirracista. Foi ali que aconteceu um dos episódios mais violentos – porém um dos mais importantes – na história do regime do Apartheid na África do Sul: o Levante de Soweto, culminando no assassinato de centenas de estudantes.
É uma visita muito significativa, mas ao mesmo tempo estranha, porque a gente vai a uma espécie de favela, fala com as pessoas, que parecem “posar”. Chegamos a entrar na casa de uma família. E, sim, podemos tirar fotos, especialmente pedindo permissão (e recebendo-a, claro) e com o aval do guia.
Visitar Soweto é importantíssimo para quem quiser conhecer de perto a história da África do Sul, do regime segregacionista e da resistência.
É também um passeio de muita cultura, a começar pelas famosas torres da antiga usina elétrica movida a carvão.
As Torres de Soweto, que chamam atenção ao longe pelos enormes grafites, são hoje um centro de entretenimento. No alto delas há uma estrutura para saltar de bung-jump (não, não tivemos coragem!), e embaixo tem um restaurante onde se pode provar uma comida típica e beber a cerveja… SOWETO!
Hoje em dia, o bairro é bem mais desenvolvido do que na época e é um dos pontos de interesse para quem faz turismo em Joanesburgo, tanto para quem quer ver de perto a história quanto para quem vai só pela parte artística/cultural.
Há partes que possuem casas mais estruturadas, de classe média – com quintais, gramados, etc -, partes com casas de alvenaria comuns – mas sem uma grande estrutura – e, ainda, uma parte em que as pessoas vivem em extrema dificuldade, com casas de zinco, sem saneamento, luz elétrica ou água encanada. Foi essa que visitamos em nossa excursão.
Apesar de todas as dificuldades, falam com imenso orgulho e respeito do local, que é retratado em diversas manifestações artísticas.
Casa de Nelson Mandela
Nelson Mandela, um dos líderes da luta antirracista e também o primeiro presidente negro da África do Sul, viveu em Soweto durante muitos anos.
Sua antiga casa atualmente funciona como um museu em sua memória, na Rua Vilakazi.
Depois da visita à favela, fomos à Casa de Nelson Mandela, que é, na verdade, um pequeno museu.
A casa é pequena e se visita em pouco tempo. Mas, lá dentro, você vai ver bastante da história do Apartheid e do Nelson Mandela, assim como diversos itens e utensílios pessoais, como a cama, os móveis e seus livros.
Museu Hector Pieterson
O museu leva o nome do garoto de 13 anos morto no Levante de Soweto.
Certamente você já viu a imagem de Hector morto sendo carregado nos braços de um colega, como mostramos acima… a foto está lá também.
A fotografia é uma das mais famosas da história da África do Sul e representa a violência durante o regime do Apartheid.
O museu em homenagem ao garoto está próximo de onde ele foi baleado e foi criado para lembrar as vítimas deste dia e deixar viva a memória da resistência.
Bem em frente, há um pequeno caminho de grama que conecta a entrada do museu ao local exato onde ele foi baleado (na praça monumento em sua homenagem).
Museu do Apartheid em Joanesburgo
Por fim, fomos ao museu do Apartheid, construído em 2001 e parada obrigatória para quem está fazendo turismo em Joanesburgo. Ele também faz parte do circuito histórico sobre o regime no país.
Nesse museu, é possível entender (um pouco) como as pessoas negras eram tratadas em relação às brancas naquela época. Isso porque, logo na entrada, recebe-se um ticket aleatoriamente que te classifica em negro ou branco, fazendo com que a porta de cada um seja separada.
Já lá dentro, toda a história do regime é contata por meio de fotos, filmes, objetos e vídeos de forma interativa, já que é um museu bem moderno, com estrutura multimídia.
Além de contar toda a história do Apartheid, o museu tem como objetivo conscientizar os visitantes e promover a luta contra a discriminação racial.
Museu do Apartheid – Informações úteis
- Endereço: Cnr Northern Parkway & Gold Reef Roads, Ormonde, Johannesburg
- Funcionamento: diariamente, das 9h às 17h
- Custo: adultos R95
Então, gostou? Nós gostamos muito da excursão e de fazer turismo em Joanesburgo.
Se você quiser fazer a mesma excursão que a gente fez ao Soweto, é só clicar neste link:
Se você quiser ver todas as opções de excursões e passeios que existem para o Soweto em Joanesburgo, veja neste link aqui.
Boa viagem!
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