Post atualizado em 07/06/2025
Se você está planejando uma viagem a Berlim, prepare o coração. A cidade é moderna, vibrante, alternativa e ao mesmo tempo carregada de história em cada esquina — e nenhuma história mexe mais com a gente do que a do Muro de Berlim.
Andar por Berlim é meio surreal, porque você pisa em lugares que foram palco de um dos períodos mais tensos do século 20, e ao mesmo tempo está rodeado de cafés hipsters, arte de rua e muita vida.
E quando você começa a entender o que foi o Muro de Berlim, por que ele existiu e como ele moldou a cidade, tudo muda de perspectiva. Eu conto aqui o que descobri — e vivi — por lá.
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O Muro de Berlim: o que restou de um muro que dividiu o mundo
Veja abaixo o que vamos falar aqui:
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Por que existiu um muro no meio de uma cidade?
Depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha perdeu feio e o país foi dividido entre os países que venceram a guerra.
A parte oriental do país ficou com a União Soviética e virou a Alemanha Oriental (RDA), comunista. A parte ocidental foi dividida entre Estados Unidos, França e Reino Unido, e virou a Alemanha Ocidental (RFA), capitalista.
Até aí, tudo certo (ou quase).
O problema é que Berlim, a capital, ficava dentro da Alemanha Oriental, a cidade também foi dividida (ainda sem muro). Ou seja, uma cidade que ficava dentro da parte comunista foi fatiada em dois pedaços: Berlim Ocidental (uma “ilha” capitalista cercada) e Berlim Oriental (comunista, como o resto da RDA).
Com o tempo, os moradores do lado comunista começaram a fugir em massa para o lado capitalista — era um êxodo: professores, médicos, engenheiros, todo mundo queria melhores condições de vida. Resultado? Em 13 de agosto de 1961, a RDA mandou erguer um muro de concreto com cercas, torres de vigilância e soldados armados, cercando completamente Berlim Ocidental.
O objetivo era simples e brutal: impedir que as pessoas escapassem do lado oriental.
Leia também:
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- Onde ficar em Berlim (melhores bairros)
Como era o traçado do Muro de Berlim?
Fiquei surpreso ao descobrir que o muro não era uma simples linha, na verdade ele fazia um contorno ao redor de toda Berlim Ocidental, como se fosse um anel.
Para visualizar isso, minha dica é usar um mapa interativo no celular enquanto anda pela cidade — isso ajuda muito a entender o quanto o muro impactava o dia a dia das pessoas.
Foram mais de 155 km de muros, cercas e obstáculos. Sim, cento e cinquenta e cinco quilômetros! Havia zonas de segurança, armadilhas, cachorros, torres de vigilância e até uma faixa de terra chamada faixa da morte, entre dois muros paralelos, onde quem tentasse passar era facilmente detectado e… você já imagina.
O muro passava pelo meio de ruas e calçadas sem um traçado muito planejado. Simplesmente, cercou todo o lado ocidental.
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Como era viver com o muro?
Imagine acordar um dia e descobrir que sua rua agora tem um muro no meio. Que seus pais, amigos ou parceiros estão do outro lado e você não pode mais vê-los. Foi isso que aconteceu com milhares de berlinenses. Casamentos foram separados, famílias divididas, vidas despedaçadas.
O lado oriental vivia sob um regime comunista fechado, com escassez, vigilância do governo, pouca liberdade de expressão. Já o lado ocidental era como uma bolha capitalista vibrante, cercada, sim, mas com lojas, liberdade e… Coca-Cola… rs
As pessoas de um lado e do outro viviam totalmente separadas, mesmo que fossem parentes, amigos, conhecidos…
A tensão era constante.
Quando e como o muro caiu?
Avança o tempo para 1989.
A União Soviética começou a se abrir com as reformas da perestroika e da glasnost, a Alemanha Oriental estava numa crise econômica e política e os protestos estavam pipocando por todo canto.
Em 9 de novembro de 1989, então, um porta-voz do governo anunciou, meio atrapalhado, que as pessoas poderiam cruzar livremente para o outro lado “imediatamente”.
Então, as pessoas entenderam como “liberou geral” e correu para os portões. Os guardas não sabiam o que fazer. A multidão foi chegando, empurrando, e de repente… os portões abriram.
No dia seguinte, as pessoas já estavam subindo no muro, quebrando pedaços com martelos, derrubando na marra! Foi um momento histórico, um símbolo do fim da Guerra Fria.
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Como está o muro hoje? Onde ver as partes originais?
Hoje, o que restou do muro é praticamente só memória . Mas dá pra ver e sentir tudo isso de perto. Há diversas partes do muro preservadas e espalhadas pela cidade e pelo mundo.
Eu acho isso muito importante, para a gente não se esquecer do passado e não repetir nossos erros. Tá certo, eu sei que nem sempre isso acontece… mas, ao menos em relação ao muro, é bem emocionante a gente ver de perto.
Tem pedaços do muro coloridos por grafiti, pedaços customizados cheios de chicletes, pedaços sombrios, cinzas e em ruínas… Veja abaixo onde se pode vê-los em Berlim.
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East Side Gallery
East Side Gallery é o trecho mais famoso e fotogênico do muro, com 1,3 km de arte urbana.
Fica ao longo do Rio Spree e virou uma galeria a céu aberto logo após a queda. É lá que fica o mural do beijo entre os líderes comunistas Brezhnev e Honecker, um clássico instagramável.
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Memorial do Muro de Berlim (Gedenkstätte Berliner Mauer)
Esse é pra quem quer entender a fundo. Fica na Bernauer Straße e tem uma parte restaurada do muro, uma torre de vigilância, a faixa da morte e um centro de visitantes com vídeos, fotos e histórias reais. Um dos lugares mais impactantes da cidade.
Acredita que a gente não viu essa parte?? Quando fomos a Berlim estava chovendo canivetes e só ficamos dois dias. Foi meio corrido, sem planejamento e do tipo “vimos o que deu”… Mas ainda vamos voltar e contar mais pra vocês!
Leia mais sobre o Memorial aqui: Memorial do Muro de Berlim.
Checkpoint Charlie
Era um dos pontos de travessia mais famosos, entre os setores americano e soviético. Hoje é meio turístico demais, mas vale a visita para ver a placa clássica “You are leaving the American sector”.
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Topografia do Terror
Perto do local onde ficava a sede da Gestapo e da SS nazista, tem um pedaço do muro original e um museu impactante sobre os crimes do nazismo. Mistura duas épocas sombrias da história alemã.
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E tem partes do muro fora de Berlim?
Sim! O Muro de Berlim virou símbolo global e foi “exportado” em forma de blocos originais para várias partes do mundo.
Tem pedaços dele, entre outros lugares:
- No Vaticano
- Na sede da ONU em Nova York
- No Museu Imperial da Guerra em Londres
- Em Buenos Aires (no Palácio San Martín)
- Em São Paulo (!) – no Memorial da América Latina
- E até em Coreia do Sul e Japão!
Dica de roteiro: como encaixar o muro no seu dia em Berlim
Dá pra fazer um roteiro temático em busca do Muro de Berlim em um dia, assim:
- Comece pela East Side Gallery (chegue cedo pra fugir da multidão).
- Caminhe ou pegue o metrô até a Topografia do Terror.
- Siga para o Checkpoint Charlie e tome um café por ali.
- Termine o dia na Bernauer Straße, no memorial completo, com tempo pra refletir.
Se você tiver tempo, procure no chão da cidade por uma linha de paralelepípedos: ela mostra o traçado original do muro e aparece em vários pontos aleatórios — nós passamos por ela em vários momentos, foi meio arrepiante.
Quando comecei a entender a história do Muro de Berlim, minha visão sobre a cidade mudou completamente. Por isso, recomendo fazer uma visita guiada — ajuda muito a captar detalhes que passam batido e faz a história ganhar vida.
- Leia também: Roteiro de um dia em Berlim
Vale a pena visitar?
Vale. Muito. Aliás, acho fundamental.
Ver de perto o que o muro representou — e como ele caiu — é um lembrete poderoso de como o mundo pode mudar. E de como a liberdade nunca deve ser subestimada.
Se você estiver em Berlim, não deixe de visitar os lugares onde o muro ainda fala. Não só com palavras, mas com cicatrizes.
Boa viagem!!
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