Eu nasci em Niterói, ao lado do Rio de Janeiro, e ainda moramos aqui. Ou seja, são mais de 40 anos por aqui. Mas… acredite: foi a minha primeira vez no Desfile das Escolas de Samba do Rio!
Mas não foi desfilando não! Apesar de todo mundo que já desfilou dizer que é maravilhoso e que todo mundo deveria passar por esta experiência uma vez na vida, fui só assistir.
Foi meio de improviso. Os tios das minhas primas compraram um conjunto de frisas e tinha um lugar sobrando. Eu disse, impensadamente: eu vou!
E lá fui eu. Quer saber como foi? Eu vou contar.
Visão da Apoteose, onde as escolas terminam os seus desfiles
Desfile das Escolas de Samba do Rio
Minha experiência
Nós saímos de Niterói de Uber. Não fomos de carro porque a região do entorno do Sambódromo fica um pandemônio. São várias vias fechadas, muita gente pelas ruas e camelôs contados aos milhares.
Chegando lá, andamos um bocado pra encontrar outros amigos que nos esperavam. Anda-se por meio desse povo todo, muita gente fantasiada, muita gente vendendo de tudo, muita gente carregando suas fantasias em enormes sacos plásticos. E também, por consequência, por muito lixo e cheiro de xixi.
Apesar da sensação de insegurança que tive, parece seguro, tem policiamento e as pessoas querem mais é vender suas cervejas. De qualquer forma, aconselho a não dar bobeira do lado de fora.
Carro alegórico representando a Carmem Miranda, da paraíso do Tuiuti
Chegando lá, perguntamos ao pessoal de apoio – que também tem muitos em volta – qual seria a nossa entrada. Elas são numeradas e vêm marcada no seu ingresso. No nosso caso, era a entrada 4, para as frisas. Eles disseram que poderia entrar pela entrada 2, que tinha acesso e já estava logo a nossa frente.
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Entramos e qualquer sensação de insegurança que poderia existir acaba. Lá dentro tem bares e cantinas, banheiros e outras comodidades.
As frisas são bem ao lado da pista, em espaços cercados com 6 cadeiras cada. Achamos a nossa e nos acomodamos. Choveu um pouco no início – depois parou – e quem estiver por ali ou em outras posições sem cobertura (como nas arquibancadas) tem que ir preparado. Eu levei capa de chuva (que emprestei) e guarda-chuva. Como estávamos nas frisas mais ao fundo (sem problemas, porque são mais altas), pude abrir o guarda-chuva e proteger minha máquina. Em outras posições, com certeza irão reclamar, porque o apetrecho atrapalha a visão de quem está atrás.
Lá dentro, você pode sair de sua frisa e andar, comprar algo pra comer e beber, dar uma esticada.
Performance do folião no alto do carro da Grande Rio
O desfile é, como não poderia deixar de ser, lindo. As escolas têm entre 65 minutos e 75 minutos pra desfilar. Elas vêm com milhares de integrantes divididos em alas de 100 a 200 pessoas vestidas com a mesma fantasia e, entre algumas alas, vêm os carros alegóricos – que cada vez estão maiores e mais tecnológicos.
- Se você quer saber mais, veja aqui todos detalhes sobre como é o desfile das escolas de samba do rio.
Nós chegamos lá às 21h e saímos às 6:30 da manhã. É cansativo. Mas, em compensação, você pode entrar mais tarde e sair mais cedo, se quiser, e assistir apenas algumas escolas. Nós assistimos a todas as escolas da primeira noite do Grupo Especial. Desfilaram a Paraíso do Tuiuti, a Grande Rio, a Imperatriz Leopoldinense, a Vila Isabel, a Salgueiro e a Beija-Flor de Nilópolis, nesta ordem.
Sambas-enredos das Escolas de Samba
A Paraíso do Tuiuti veio com o enredo sobre o Tropicalismo e o samba enredo Coisas Nossas: “Carnavaleidoscópio Tropifágico”. O desfile trouxe homenagens a diversos personagens importantes para este movimento musical, como Caetano Veloso e Chacrinha.
A Grande Rio veio com o enredo Viva a Bahia! “Ivete do Rio ao Rio”. Nem preciso dizer que a Ivete Sangalo veio pipocando do inicio ao fim, literalmente! Ela veio na frente, no chão, voltou e desfilou de novo, no último carro.
… depois voltou no último carro!
A Imperatriz Leopoldinense veio com o enredo Kararaô! “Xingu, o clamor que vem da Floresta”. Este enredo – que eu adorei – inspirou polêmicas com os ruralistas brasileiros, ao homenagear os índios e mostrar ao mundo o que eles vêm sofrendo. O samba, inclusive, tem passagens como “O Belo Monstro rouba / as terras dos seus filhos / Devora as matas e seca os rios / Tanta riqueza que a cobiça destruiu”.
Luíza Brunet como destaque da Imperatriz
A Vila Isabel veio como enredo Negro Tom: O sim da cor. Ela homenageou os negros, a história e os locais onde a cultura e a música negras se enraizaram, como o sul dos Estados Unidos, o Caminito, em Buenos Aires, e outros.
Carro que representa os barcos que cortam o Rio Mississipi, ao sul dos Estados Unidos
A bonita alegria da Porta Bandeira da Vila Isabel
A Salgueiro veio com o enredo Céu Carioca: “A Divina Comédia do carnaval”. Ela trouxe o paraíso e o inferno pra avenida, inserindo a Divina Comédia, de Dante Alighieri, no carnaval.
Detalhe de carro alegórico da Salgueiro
A Beija-Flor, por fim, veio com o enredo Amor Nativo: “A virgem dos lábios de mel – Iracema”. A escola contou a historia de Iracema, a índia do romance de José de Alencar.
A Iracema em um dos carros alegóricos
O conhecido “puxador” de samba Neguinho da Beija-Flor
Algumas impressões:
1 – O desfile é bonito, mas achei tudo meio “pariforme”, tudo meio igual. Me parece mais do mesmo. Na minha humilde e amadora opinião, parece que a profissionalização e grande competição faz com que seja tudo igual. Viu uma, viu todas. Com as exceções, claro, de um carro alegórico mais diferente, uma fantasia mais ousada ou uma tecnologia que surpreenda.
2 – A questão da grana – muito dinheiro rola no carnaval e, especialmente, no desfile – faz com que a profissionalização, a busca pela perfeição, pelo maior carro, pelas fantasias mais coloridas, enfim, a própria competição e, no fundo de tudo, a busca da maior fatia do bolo, faz com que as pessoas estejam muito aquém do espetáculo. E, primordialmente, isso se tratava de pessoas, um espetáculo feito por pessoas comuns.
3 – Isso ficou claro pra mim por dois fatores fundamentais. Em primeiro lugar, uma Escola de Samba provém da comunidade, mas quase não se vê a comunidade nas Escolas de Samba. A mair parte dos desfilantes são brancos, os destaques são brancos e/ou famosos. Mas, atrás dos carros alegóricos, “escondidos”, com camisas de “apoio” ou ‘produção”, somente se vê negros. É claro que isso não é absoluto nem generalizado, mas é percebível.
Folião tenta se livrar do dragão em carro alegórico da Grande Rio
4 – E, este ano, especialmente, alguns acidentes – dois deles graves – demonstram um certo descaso com a segurança e com as pessoas. Pelas notícias, a gente percebe que poderia ser evitado. Não foi evitado e houve feridos graves, mas… “o show não pode parar” e tudo continua como se nada tivesse acontecido. A mesma “alegria”, o mesmo desfile, o mesmo “tempo” que tem que se cumprir. Estranho.
5 – Em tempos de internet, comunicação super facilitada, emails, pagamentos por cartão de crédito, pay pal e outros meios, a Liesa – Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro – deveria modernizar e facilitar a compra dos ingressos. Um casal de amigos que mora em São Paulo teve que enviar um FAX pra eles! Isso mesmo: um FAX!! Quase um telégrafo! (Segundo a Liesa, o uso do fax é porque ele garante a segurança da transmissão da informação, ao gerar o registro de sucesso ou erro). E, depois, tem que pagar um boleto (somente em boleto!) no Bradesco e SÓ no Bradesco. Quem não tem conta, tem que levar EM DINHEIRO! Imagina, ter que pagar um boleto de 5 mil reais em dinheiro?? Chega a ser uma falta de respeito.
6 – Apesar de tudo, gostei muito da politização do carnaval deste ano. Vários enredos foram com críticas a mazelas brasileiras, como a questão dos índios (Imperatriz); a questão dos negros (Vila Isabel); e a Portela trazendo um enredo sobre “rios” e tocando no assunto do “acidente” de Mariana e suas consequências para o Rio Doce.
7 – E gostei muito de ir nas frisas. É seguro, de certa forma confortável, com uma visão magnífica do desfile, tem banheiros e comida/bebida bem acessível e o preço é razoável. Apesar de nem se comparar às regalias de um camarote, me parece que tem uma visão mais “ampla”, porque no camarote são muitas pessoas para uma abertura pequena. Ali nas frisas, a visão é aberta a todos.
O Gari ( e passista) Renato Sorriso, como de costume, fez o seu show particular pela pista. Foi mais aplaudido que muitas escolas…
Como assistir ao desfile das Escolas de Samba do Rio
Então, afinal, vou dar algumas pistas sobre como fazer pra assistir ao desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
Espaços
Em primeiro lugar, é preciso saber que tem 5 maneiras/lugares para assistir. Veja as características de cada uma abaixo. Os valores (de 2017) são para os desfiles do Grupo Especial. Para o desfile das Campeãs, é mais barato.
- Frisas
- Espaço descoberto. Ficam ao lado da pista, com cadeiras. São espaços cercados para 4 ou 6 pessoas. As de 6 lugares tem 4 fileiras, desde a mais próxima à pista (colada à pista, na verdade), até a mais afastada. Cada uma é 40 cm mais alta que a outra.
- Como eu já disse, ficamos na última e a visão é perfeita. A de 4 lugares tem apenas duas fileiras.
- Valores: vai de R$ 1.250 a R$ 8.000, conforme a localização do setor. Têm que ser compradas por cada dia de desfile. Não tem meia-entrada para frisas.
- Arquibancadas
- Assentos individuais em arquibancadas. Espaço descoberto.
- Valores: de R$ 220 a R$ 320 dependendo do setor. Tem meia-entrada.
- Cadeiras
- Cadeiras individuais nos setores 12 e 13. Espaço descoberto.
- Valor: R$ 190. Tem meia-entrada
- Boxes especiais
- É um box coberto e cercado, com entrada privativa. Vem pronto para o uso, já decorado. Sua compra vale para todos os dias do carnaval.
- Valores: R$ 60.000 (para 18 pessoas); R$ 45.000 (para 12 pessoas). Não tem meia-entrada.
- Camarotes
- Espaço exclusivo e coberto. Tem a opção de serviço de buffet. Sua compra também vale para todos os dias do carnaval.
- Valores e capacidade: cabem de 12 a 30 pessoas e os valores vão de R$ 35.000 a R$ 110.000 dependendo do setor e da capacidade.
Algumas observações complementares:
- A idade mínima pra entrar é de 5 anos. Quando cabe, têm direito à meia-entrada.
- Pode levar sanduíches, biscoitos, e bebidas em geral. Mas tem um limite. De qualquer forma, a “revista” das mochilas na entrada é superficial, eles não ficam contando quantos itens você levou. Mas não pode isopor nem garrafas de vidro!
- Há espaços exclusivos para pessoas com deficiência, inclusive com ingressos gratuitos.
Como comprar ingressos para o desfile das Escolas de Samba
Quem comprou não fui eu, então este assunto pra mim ainda tem um pouco de mistério. Há formas diferentes de compra para arquibancadas ou cadeiras e frisas, box especial ou camarotes. E também há diferenças para comprar quem é do Rio ou quem é de outros locais do Brasil.
Há um período de vendas que é divulgado anteriormente a cada carnaval, divulgado pela imprensa e pelo site da Liesa. Durante este período, você tem que entrar com contato para reservar sua compra. Para comprar arquibancadas ou cadeiras, por telefone; para comprar Frisas, box especial ou camarotes, por fax.
SE tiver vaga, por ordem de chegada dos pedidos, você é autorizado a comprar. Neste caso, então, é gerado um boleto bancário e é indicado em qual agência (do Bradesco) você deve fazer o pagamento – em dinheiro.
Depois do pagamento, você recebe um voucher e, com ele, você deverá retirar o seu ingresso na semana do carnaval, na Central de Atendimento e Vendas da Liesa, no Centro do Rio de Janeiro.
Sim, podia ser mais simples.
A alegria das Baianas da Salgueiro
Informações Úteis:
LIESA – Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro
- Endereço: Av. Rio Branco, N°4 – Andares 2°, 17°, 18°, 19° – CEP 20090-000 – Centro, Rio de Janeiro
- Telefones: +55 21 3213-5151 / +55 21 3213-5152
- Site: http://liesa.globo.com/ (É isso mesmo: “liesa.globo”… acho que a “Liga Independente” não é tão independente assim… rs)
Será que eu voltaria? Com certeza. Não sou um apaixonado por carnaval, muito longe disso, mas AMO tirar fotos. E um desfile desse porte é simplesmente fantástico para bons cliques!
Eu tirando foto do desfile. Vê como é perto? [foto de Isadôra Dib]
E você, já foi a algum desfile lá no sambódromo? Conta pra gente o que você acho, nos comentários!
E boas viagens!
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