Quando estivemos em Alagoas, nós resolvemos fazer uma visita que amamos, bem diferente desse “pacote turistão”: reservamos um dia para conhecer o Quilombo dos Palmares, o mais emblemático de todos os quilombos que se formaram durante o período colonial brasileiro.
Com uma história de luta que durou mais de um século, o Quilombo dos Palmares é hoje símbolo de uma das mais importantes histórias de resistência à escravidão ocorridas no mundo.
Aos que se perguntam onde fica o Quilombo dos Palmares, saiba que ele está localizado na Serra da Barriga, na época pertencente à Capitania de Pernambuco.
Atualmente, a região onde o Quilombo dos Palmares hoje se localizava pertence ao município de União dos Palmares.
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Quilombo dos Palmares
A Serra da Barriga foi tombada como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1986, o que imortalizou a região como símbolo de resistência e luta. E, cá entre nós, todo o lugar é de uma beleza fascinante!
De carro, saímos de Maceió, do bairro de Cruz das Almas, onde estávamos hospedados, pegamos a BR-316 até o município de Satuba e de lá prosseguimos pela BR-104, seguindo em direção ao interior do estado, até o município de União dos Palmares. O trajeto tem cerca de 80km, a viagem dura mais ou menos 1h 20min, e a estrada é razoável. Como a maioria das estradas de Alagoas, a vista é de canaviais para todo lado, até chegar à Serra da Barriga. Dali em diante, o visual é de tirar o fôlego! Nossa visita aconteceu num dia muito especial, de céu azul pintado à mão…
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Quilombo de grande resistência ao poder escravocrata da época, por se localizar numa região de difícil acesso e que impedia a recaptura dos escravos que ali se abrigavam, Palmares cresceu a ponto de se tornar uma espécie de “confederação”, abrigando diversos quilombos existentes na região. Além de receber os escravos que lutavam pela liberdade, o Quilombo dos Palmares também abrigava indígenas da localidade.
Como cresceu muito, organizou-se e prosperou de uma maneira até então nunca vista pela ordem escravocrata vigente, governos que controlavam a região começaram a enviar à Serra da Barriga expedições que tinham o objetivo de destruir definitivamente Palmares. Todavia, durante aproximadamente oitenta anos, o Quilombo resistiu a todos os ataques, derrotando cerca de trinta expedições militares, tornando-se símbolo da resistência e do movimento pela liberdade.
Diante de toda aquela resistência por parte dos quilombolas, o então governador de Pernambuco propôs ao líder Ganga-Zumba um tratado, no qual o governo pernambucano reconhecia a liberdade de todos os negros nascidos em Palmares e concedia a utilização dos terrenos situados ao norte do estado de Alagoas. Ganga-Zumba aceitou o acordo – chamado de “Acordo de 1678” ou “Acordo de Recife”. E esta foi a sua ruína enquanto líder de Palmares. Outros membros importantes do Quilombo não aceitaram tal acordo e Ganga-Zumba acabou envenenado por líderes da oposição quilombola.
Então, a liderança do Quilombo dos Palmares passou para as mãos de Zumbi, que tinha uma postura diferente de seu tio Ganga-Zumba e não aceitava negociações com as autoridades locais.
No ano de 1694, quando forças oficiais conseguiram iniciar a desarticulação do Quilombo, Zumbi e alguns companheiros quilombolas fugiram, organizaram-se e continuaram a luta pela liberdade de seu povo. Em 1695, Zumbi foi capturado e degolado por bandeirantes, e sua cabeça foi enviada para Recife, onde ficou exposta como um símbolo da vitória contra os quilombolas de Palmares.
Por ser líder da resistência, Zumbi dos Palmares é até hoje símbolo da luta pela liberdade, e tem sido cantado em verso e prosa ao longo dos anos. A data de seu assassinato – 20 de novembro de 1695 – é o dia em que hoje se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra. Em 21 de março de 1997, Zumbi dos Palmares foi reconhecido pelo Governo Federal como Herói Nacional.
Atualmente, já não existe mais nenhum vestígio original do Quilombo dos Palmares, completamente destruído na ocasião acima citada. Mas no local onde outrora viviam Ganga-Zumba, Zumbi e seus guerreiros, hoje foi construído um Memorial, chamado Parque Memorial Quilombo dos Palmares (http://serradabarriga.palmares.gov.br/), fundado no ano de 2007 pelo Ministério da Cultura, por intermédio da Fundação Cultural Palmares. E foi essa a visita que fizemos quando chegamos à Serra da Barriga.
Na entrada, além da saudação em português, lemos também a saudação Oku Abo – que significa “bem-vindo”, termo do povo africano de língua yorubá.
O Memorial, situado no território original da longa e difícil batalha – para cujas matas milhares de negros escravizados fugiram durante anos e anos de dominação no período colonial – guarda a história dos homens e mulheres que ali viveram e lutaram.
Dentro do Parque, encontramos uma maquete em tamanho natural, onde os visitantes podem observar algumas das construções mais significativas do Quilombo dos Palmares, reconstituídas com paredes de pau a pique e cobertura vegetal, onde se leem inscrições em banto e yorubá. Na entrada, há um mapa do Parque, para que o visitante possa se localizar.
O Memorial conta com edificações como o Onjó de farinha (Casa de farinha), o Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), Oxile das ervas (Terreiro das ervas) e Muxima de Palmares (Coração de Palmares), que reproduzem as construções originais do Quilombo.
Há, ainda, as ocas, fazendo referência aos indígenas que, como já disse anteriormente, também se abrigaram no quilombo.
Além das construções acima citadas, o Memorial ainda oferece aos visitantes pontos de áudio com músicas e textos em quatro idiomas (Português, Inglês, Italiano e Espanhol), onde se pode ouvir e aprender mais sobre a cultura quilombola. Esses pontos de áudio ficam localizados nos espaços Ganga-Zumba, Acotirene, Caá-Puêra, Quilombo, Zumbi e Aqualtune.
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares é o primeiro e único parque temático sobre a cultura negra do país. Nele, ainda se destacam três mirantes sensacionais, de onde os visitantes podem avistar as paisagens encantadoras da Serra da Barriga – atalaias de Toculo, Acaiene e Acaiuba.
E, completando o conjunto das edificações do parque, há ainda o restaurante Kúuku-Wáana – banquete familiar -, que oferece deliciosos pratos da culinária afro-brasileira – pena que estava fechado no dia da nossa visita! 🙁 e o Batucajé, que é o local da dança ao som dos tambores, palco de manifestações artístico-culturais.
Durante nossa visita ao Memorial, silêncio. Respeito. História. Era como voltar no tempo. Era como viver tudo aquilo. Era como lutar junto. Resistir. Resistência é a palavra. O Quilombo dos Palmares resiste até hoje: ao tempo, à história branca contada – tantas vezes tendenciosa! – nos livros, à escravidão disfarçada que ainda percebemos tão enraizada nos costumes, na sociedade – tão hipócrita -, ao preconceito – ainda tão presente nos dias atuais.
A luta pela liberdade continua.
Informações úteis:
- Endereço: Serra da Barriga, Km 9 – União dos Palmares-AL.
- Horário de funcionamento: De segunda a sexta, das 8h às 17h. Sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h.
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Quero sair de Brasília e ir com a minha filha para a programação do 20 de novembro.
Me ajude por favor! Preciso ficar próxima ao parque em alguma pousada, ou hotel.
Grata
Não sei te dizer!